segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

não existe ponte maior que o mar










Com gosto de cabo-de-guarda-chuvas, acordo,
agradecendo o estar vivo, desagradecendo a angustia
e o luar que não vi por estar com dor de barriga
Se a ponte é maior que o mar...eu não sei,
e minha glória é não saber
e saber que não existe ponte maior que o mar,
e que sou ponte para os vindouros passarem
e não sou nenhuma ponte

Atinjo nessa manhã o cume do Monte Fugi
e saio de vez da terra dos esquecidos
caminhando pelas nesgas da neve,
pelo limbo das folhas que andaram soterradas pelo frio

Um inverno dolorido rastejou
pelas plantas dos meus pés,
e se esvaí lentamente pelos digitos do meu coração
sempre agraciado pelas princesas da Terra azul

Os sentimentos antigos tomaram a forma de punhais
e saíram espetando todas as células
que arquitetam minha criatura festeira e introspectiva,
suportei, me contorci aqui mesmo
e descobri luzes e trevas
nos campos infestados de espadachins

Sei que todos compreendem porque estão ou estiveram
no mesmo aqueduto
vindo da mesma ensolara e sombria fonte

O sol raiou sobre Macondo,
sobre o Rio de Janeiro das minhas imcompreênções,
sobre os desafetos e os embolos das invejas

Vos digo, há pássaros saboreando a tortilha dos ciganos,
saboreando as minhas tortilhas
e as bananas nascidas de nossas lágrimas
e presentes sorrisos

Dizem que sou poeta, dizem tanta coisa,
e eu não digo nada
e digo tudo sem ao menos abrir a boca

Nada fácil viver, nada difícil viver,
tudo cabe e nada cabe no que eu não sei definir

Escrevo essas linhas com olhos mareados,
dando bom dia para a amada Theresa Brahm,
arranjando forças para continuar,
exercer o dom de estar vivo,
dar e receber

(edu planchêz)

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