terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Escrevo o poema ouvindo Nina Simone









(À Alice Fernandez e Paty Balieiro)









Escrevo o poema ouvindo Nina Simone

rezando uma das canções de Hair:
"Ain't Got No, I Got Life"

Por filmes caminho espalhando meus cabelos
mais que enormes
por todas as pilastras dos rostos dos mundos
que vejo e não vejo

E os mundos se aninham nos mastros das naves escorregadias do amor trovejante que tanto desenvolvi nas suaves camadas nada subterrâneas de minha pequena criatura
que ainda pouco sangrava

E é de sangue essa noite partida por lunas e ruas que só eu vejo
E é de lágrimas essa sábia chuva trazida pelo nada que represento
diante das estrelas turvas aos olhos pela distancia

Em tua cidade chego, em tua cama deito,
em teus joelho despejo o ígneo,
o que derrete sem esperar o fogo dos fósforos
fabricados por tuas mãos que amam as minhas

E esse poema não terá mesmo fim
porque você me dá um beijo na boca
praticando a mais refinada das artes
que uma mulher dama estelar purpura dourada
pratica diante de um homem
armado de jatos de zelo e sublimes carinhos

E não é noite, e não é dia
dentro das cavidades de nossos corpos
agraciados pela brisa do novo e do velho

E somos bruxos, e somos fadas,
elementais humanos partido e inteiros
nas andaluzes danças,
nos andaluzes gestos
de nossos pés herdeiros da poesia
dos que na poesia nascem

(edu planchêz)

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