Escrevo o poema ouvindo Nina Simone
(À Alice Fernandez e Paty Balieiro)
Escrevo o poema ouvindo Nina Simone
rezando uma das canções de Hair:
"Ain't Got No, I Got Life"
Por filmes caminho espalhando meus cabelos
mais que enormes
por todas as pilastras dos rostos dos mundos
que vejo e não vejo
E os mundos se aninham nos mastros das naves escorregadias do amor trovejante que tanto desenvolvi nas suaves camadas nada subterrâneas de minha pequena criatura
que ainda pouco sangrava
E é de sangue essa noite partida por lunas e ruas que só eu vejo
E é de lágrimas essa sábia chuva trazida pelo nada que represento
diante das estrelas turvas aos olhos pela distancia
Em tua cidade chego, em tua cama deito,
em teus joelho despejo o ígneo,
o que derrete sem esperar o fogo dos fósforos
fabricados por tuas mãos que amam as minhas
E esse poema não terá mesmo fim
porque você me dá um beijo na boca
praticando a mais refinada das artes
que uma mulher dama estelar purpura dourada
pratica diante de um homem
armado de jatos de zelo e sublimes carinhos
E não é noite, e não é dia
dentro das cavidades de nossos corpos
agraciados pela brisa do novo e do velho
E somos bruxos, e somos fadas,
elementais humanos partido e inteiros
nas andaluzes danças,
nos andaluzes gestos
de nossos pés herdeiros da poesia
dos que na poesia nascem
(edu planchêz)
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