quinta-feira, 5 de abril de 2012

estilhaços de estrelas de cobre e carvão em chamas













(Ás minhas amadas Esmélin e Paty Balieiro)

Duas linhas, muitas linhas,
se cruzam sob o trovejar de meus olhares cartarticos,
vou do centro da eletrocardiáca São Paulo
à Índia reinante Rio de Janeiro, à remo,
numa "canoa coberta de velas"
e estilhaços de estrelas de cobre e carvão em chamas

Eu não tenho cravos nas mãos,
nem bolas de segregação nas pés que pisam os números do calendário
e os ponteiros dos relógios esmigalhados pelos caninos de Salvador Dali
e outro cronópios

E todos os latidos te querem nessa entrada, nessa explodir matinal,
nos cardumes elementais que entram pelos furos das janelas vermelhas,
pela camuflagem do bicho que ela quis matar por medo

Inúmeras cidades ponteiam a totalidade de minha pele por ti tocada;
vejo-te na porta de tua casa olhando para o dia de ontem,
para o sexo viril da única flor,
para aquele vaso de cerâmica Pataxó,
para os meandros da androgena galeria de todos os meus corpos

Vem em luz, vem em trevas,
vem nas cambalhotas das cascatas de palavras cuspidas pela boca do monstro
que nos joga para dentro dos caracóis dos livros e dos filmes

Eu sou a garça que trepida e verte-se em sapo,
em tempestades de aranhas, em larvas de borboletas

Num canal azul-maestro de sangue fluxo, remo,
e o meu barco canoa navio submarino jangada...
voa sobre os entraves que a policia do tempo de gelo arma
sobre cores absorvidas pelos poemas presos nas fezes
dos que não arrancam
de suas raízes e folhas as tampas, as migalhas necrosadas
(que posso chamar de belicos parafusos)
que escondem do próximo as cristais águas

( edu planchêz )

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