quinta-feira, 19 de abril de 2012

Apaixonado por um vulto, por uma que some



Apaixonado por um vulto, por uma que some,
que me deixa louco sem notícias...
ela deixou em minhas carrancas os seus poucos pêlos,
a feitura colossal de seus assombrosos seios,
um pouco do nada que tivemos

Ela transformou um Dragão numa serpente,
um homem num corpo ígneo,
labareda capaz de iluminar as cabeças
de todas as cidades e não cidades

Há dias que ela não me procura,
há dias que vejo seu lindo rosto refletir o meu

Ao conhece-lá, meus pés cresceram,
minhas mãos ganharam a dimensão inexáta
do formato seu ventre,
e eu voei sobre as cantantes carnes de suas costas,
e eu voei lento e rápido, voltei a ser feto,
coágulo cintilante dentro dela,
dentro da pedra que gerou todas as outras pedras

Agora, aqui sem ela, sem seus cabelos de moreia,
peixe-elétrico, monstro submarinho...
surdo...mudo...desesperado de saudades,
escorpião preso dentro de um anel

( edu planchêz)

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